quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Muitas dúvidas e uma certeza.

Ontem assisti o programa eleitoral do candidato do PSDB. Não achei adequado e lembrei-me da entrevista concedida por ele ao Datena, antes do início do processo eleitoral. Nessa entrevista transmitida pela TV Bandeirantes, diante das imagens do entrevistado que revelou: cinismo, autoritarismo, frieza, sentimento de superioridade, indolência e falta de coragem.

Cinismo: diretor do programa e atores principais armaram uma cena com as filhas e filhos dos servidores da creche de dentro do palácio. A encenação foi transparente: as “professoras” que acompanhavam a cena  fazendo “xiuuu” para as crianças inocentes que não estavam compenetradas na encenação. E, no instante, do canto tradicional feito aos aniversariantes – era dia do aniversário do candidato - que em nenhum instante, causou emoção no aniversariante.

Autoritarismo: o ator principal amparou as mãos na grade  da creche, que o separava das crianças e olhava-as de cima para baixo, por todo o tempo da gravação. Em nenhum momento, o entrevistado fez um gesto de se aproximar das crianças ou se agachar para ficar na mesma altura delas.  E, ali havia um portão bem pertinho, era caminhar uns três ou quatro passos e transpor a grade, para brincar com elas ou agradecer a homenagem ensaiada. Não fez e nem fará gesto para as crianças que não são da sua prole. Infelicidade de quem teve a grande idéia do canto e da gravação neste cenário: governador de um lado e as crianças atrás do gradil.

A frieza demonstrada pelo homenageado não esboçou emoção diante da manifestação “espontânea” daqueles pequerruchos. Seus olhos não se encheram d’água ou um sorriso franco e agradecido dirigido àquelas crianças.

A demonstração do sentimento de superioridade do ator principal era cristalina. Não se abaixou para ficar na mesma altura das crianças e dirigia o seu olhar de cima para baixo. 

A indolência demonstrada pelo excesso de maquiagem aplicada no governador.

A gravação feita no período matutino – o entrevistador estava até com o brilho nos cabelos semi-molhados e o sol muito claro de São Paulo - típico das primeiras horas do dia. Deu-me a certeza de que a gravação foi na parte da manhã, horário do qual o governador estaria, normalmente, dormindo.

A falta de coragem quando de forma ambígua e vacilante assumiu a sua pré-candidatura e esquivou-se de algumas perguntas diretas sobre o tema. Sem a coragem de enfrentar o presidente Lula e seu governo. Apelou para a sua biografia. Qual será o exemplo de coragem que apresentará aos eleitores? Sua fuga do Brasil? Sua fuga do Chile? E as reais razões que jamais assumirá por essas fugas. Líder? Este é o tipo de liderança que o nosso país precisa? Um país gigante e de grandes ebulições sociais e interesses conflitantes? Não é o líder adequado para o momento histórico da sociedade brasileira.

A mídia deu ampla cobertura a entrevista do governador, mas deu pouquíssimo destaque a um fato de sua responsabilidade no comando do governo de São Paulo. E, aí, mais dúvidas geradas no meu pensamento.

O governador aplicou no mercado financeiro a módica quantia de 2 bilhões de reais destinados a saúde pública.

O dinheiro é público, logo, não poderia ser disposto, em desprezo a lei ou desviado de sua função social. Houve algum crime na decisão de aplicar o dinheiro publico no mercado financeiro? Não sei a resposta. Mas sei que achei uma decisão muito ruim para os paulistas.

Qual foi a modalidade de investimento do mercado financeiro e onde foi aplicado o dinheiro público? Ações ou títulos da dívida pública? O investimento apurou lucro ou prejuízo? Houve pagamento de comissão  para corretora de títulos ou para bancos? Se houve qual foi o beneficiário da comissão e o valor? Se a operação apresentou lucro também gerou a obrigação do pagamento de tributo federal? O tributo federal foi pago?

O que significa no mercado financeiro um aporte no valor de 2 bilhões de reais? Seria capaz de alavancar artificialmente o preço de alguma das ações de empresa privada ou pública? Se o investimento do governo  foi em ações, ações de que empresas? Como o mercado se comportou em relação a este papel durante o tempo do investimento? E quais corretoras operaram com ações dessa empresa? A falta deste dinheiro público no sistema de saúde de São Paulo gerou alguma falta de remédios, equipamentos, novos leitos? Há alguma hipótese da ausência deste dinheiro público ter causado alguma morte no sistema de saúde público? Se a resposta for positiva, pode ser estimada quantas mortes?

Penso que, regular a decisão de aplicar o dinheiro público também não foi, pois se fosse não teria o Ministério Público ingressado com uma ação judicial, para obrigar o governo estadual há desaplicar o recurso público e dar a ele o uso para o qual se destinava: na saúde pública.

Muitas dúvidas pairam sobre minha mente e uma certeza: Serra não merece ser presidente da República e nem receber o meu voto.





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