Artigo José Dirceu
Os movimentos econômicos dos últimos anos são profundamente didáticos para quem quer entender os mecanismos de perpetuação da hegemonia de uma oligarquia financeira nos EUA e no mundo. De meados de 2008 ao fim de 2009, vimos a mais grave crise do capitalismo em 150 anos. Tão logo os mercados se viram na iminência de dissolução, propalou-se a tese da necessidade de reformulação do modelo financeiro vigente e de adoção de meios de regulação para se impedir, e punir, as obscenidades que levaram ao descontrole.
Em uníssono, todos pediram a presença do Estado, logicamente via recursos públicos, para socorrer aos protagonistas da crise. Nos maiores centros, EUA e Europa, que ainda concentram as instâncias decisórias, tomaram a dianteira as nações que propuseram intervenção maior do Estado. Assim, a saída foi a injeção de trilhões de dólares na economia —só nos EUA, o valor chegou a um PIB brasileiro!
A contrapartida estaria em duas vertentes: compromisso maior de retorno à sociedade e mudança nas regras de atuação dos agentes econômicos. Caminhou-se para reforma dos organismos como o FMI (Fundo Monetário Internacional), o Bird (Banco Mundial), a OMC (Organização Mundial do Comércio) e a ONU (Organização das Nações Unidas), sempre com o intuito de possibilitar maior participação dos demais países e dos novos atores emergentes —como Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul, entre outros.
Próximo de completar dois anos do estopim da crise, o mundo vê que, principalmente por parte dos EUA, foram mínimas as exigências de contrapartida pelo socorro de trilhões. A banca estava de joelhos e caberia aos Estados retomarem a condução do processo de desenvolvimento, cobrando um compromisso maior. Mas o tempo passou, 2009 se foi e, hoje, o mercado retoma as mesmas práticas pré-crise e se vê em condições novamente de frear a regulação estatal.
A bem da verdade, se havia expectativa com a crise de profundas alterações, hoje, vemos que pouco mudou: a fraude e a manipulação dos mercados continuam, não há regulação e fiscalização, o sistema e as instituições mundiais não passaram por reformas, enfim, seguimos nas mãos dos especuladores.
Nesse contexto, a desvalorização do Yuan chinês é apontada como vilã, mas na verdade são os EUA que forçam o dólar para baixo unicamente com o objetivo de passar a conta da crise para outros países —inclusive o Brasil, que precisa atuar no câmbio. A China está apenas dizendo aos EUA que não será em cima dos chineses que os americanos irão navegar.
Enquanto isso, no Brasil, o presidente do Banco Central defende a alta dos juros, dizendo que é possível aumentar a Selic sem fazer o carro capotar, porque dá para conduzir “uma política racional abaixo do Equador”. Defende o receituário rentista, esquecendo-se de que é acima da linha do Equador que predominam as políticas irracionais que levaram à crise e que voltam a ganhar força. Parece que nada se aprendeu com a crise e que evaporou o poder de pressão dos governos ante ao mercado. É preciso dizer que 2009 não acabou.
Em uníssono, todos pediram a presença do Estado, logicamente via recursos públicos, para socorrer aos protagonistas da crise. Nos maiores centros, EUA e Europa, que ainda concentram as instâncias decisórias, tomaram a dianteira as nações que propuseram intervenção maior do Estado. Assim, a saída foi a injeção de trilhões de dólares na economia —só nos EUA, o valor chegou a um PIB brasileiro!
A contrapartida estaria em duas vertentes: compromisso maior de retorno à sociedade e mudança nas regras de atuação dos agentes econômicos. Caminhou-se para reforma dos organismos como o FMI (Fundo Monetário Internacional), o Bird (Banco Mundial), a OMC (Organização Mundial do Comércio) e a ONU (Organização das Nações Unidas), sempre com o intuito de possibilitar maior participação dos demais países e dos novos atores emergentes —como Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul, entre outros.
Próximo de completar dois anos do estopim da crise, o mundo vê que, principalmente por parte dos EUA, foram mínimas as exigências de contrapartida pelo socorro de trilhões. A banca estava de joelhos e caberia aos Estados retomarem a condução do processo de desenvolvimento, cobrando um compromisso maior. Mas o tempo passou, 2009 se foi e, hoje, o mercado retoma as mesmas práticas pré-crise e se vê em condições novamente de frear a regulação estatal.
A bem da verdade, se havia expectativa com a crise de profundas alterações, hoje, vemos que pouco mudou: a fraude e a manipulação dos mercados continuam, não há regulação e fiscalização, o sistema e as instituições mundiais não passaram por reformas, enfim, seguimos nas mãos dos especuladores.
Nesse contexto, a desvalorização do Yuan chinês é apontada como vilã, mas na verdade são os EUA que forçam o dólar para baixo unicamente com o objetivo de passar a conta da crise para outros países —inclusive o Brasil, que precisa atuar no câmbio. A China está apenas dizendo aos EUA que não será em cima dos chineses que os americanos irão navegar.
Enquanto isso, no Brasil, o presidente do Banco Central defende a alta dos juros, dizendo que é possível aumentar a Selic sem fazer o carro capotar, porque dá para conduzir “uma política racional abaixo do Equador”. Defende o receituário rentista, esquecendo-se de que é acima da linha do Equador que predominam as políticas irracionais que levaram à crise e que voltam a ganhar força. Parece que nada se aprendeu com a crise e que evaporou o poder de pressão dos governos ante ao mercado. É preciso dizer que 2009 não acabou.
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