sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Crise

A crise de 2008

Luiz Eduardo Wanderley
In "Alternativas à Crise" Editora Cortez.
comentários em italico é de minha responsabilidade.

Crise = ruptura, fratura, desconfiança, pânico, pessimismo, sentimento emocional, transição, conflito, tensão; pode atingir todas as dimensões da sociedade – econômicas, políticas, sociais, culturais, religiosas.

A crise pode ser: 1) estrutural ou conjuntural; 2) parcial ou sistêmica; 3) curta, media ou longa duração.
A conjuntural e parcial são permanentes, com impactos maiores ou menores.
Já a estrutural e sistêmica abalam os alicerces, os fundamentos, os valores, as interpretações, e são mais esporádicas.

E a crise estrutural ou conjuntural parcial e de media duração? O que muda na sociedade neste quadro de crise? A crise sistêmica e de media duração o que gera no meio social?
Existe crise conjuntural e sistêmica? O casamento! Ou a própria vida é crise conjuntural e estrutural sistêmica e de longa duração? Se for verdade a premissa, não devemos temer ou evitar a crise, pois faz parte e é essencial ao ser humano.


A crise atual é interpretada de forma generalizada que é estrutural e atinge pilares básicos do neoliberalismo. Mas é preciso ter cautela sobre as respostas e os efeitos da crise, pois interpretações convergem e divergem espetacularmente.
No campo dominante a crise é sistêmica, necessita de regulação dos mercados financeiros, o Estado deve acudir o sistema bancário, não se deve combater o liberalismo, o capitalismo será mais forte. O cassino das bolsas continua a propiciar ganhos extraordinários através da especulação financeira e não da produção. Para eles basta regular e dar trilhões de dinheiros aos bancos e o sistema estará salvo, com a volta da confiança e da normalidade do sistema falido. Suspiram e acenam com a necessidade de um crescimento mais justo e humano, com boa governança, mais liberdade e menos pobreza e instabilidade. Mas não querem pagar a conta de modo algum, quem deve pagar são os bilhões de pobres do planeta.

Assim é fácil, muito fácil cometer erro e quem paga por esse é o vizinho. Penso que são uns grandes caras de pau os defensores da tese. Não falam em novo conceito de propriedade, não falam em fortalecer o setor produtivo, não fala em novo padrão de consumo, não falam em Estado forte para combater as grandes multinacionais, não falam em quebrarem patentes, não falam em novo conceito de trabalho e sua remuneração melhor diante da intensidade, enfim, nada de inovar ou repartir bens, direitos e propriedades. Nada de concreto é proposto como elevação da tributação dos ricos, quebra dos paraísos fiscais, limite de ganhos e de acumulo de riqueza. Conceitos como solidariedade tributária, igualdade de oportunidades e limites nos acúmulos de renda e propriedade, respeito sincero e proativo em favor do ser humano. Não são considerados e nem mencionados por estes grandes iluminados.
Nos EUA estimasse que fosse preciso 1,5 trilhão para recapitalizar o sistema bancário. No dia 21 de abril o FMI estima que são preciso 4,5 trilhões para salvar os bancos nos EUA, Europa e Japão. Georges Soros o grande defende que é preciso ter um banco bom e firme e outro que receba os papeis podres dos demais. Não podem ter prejuízos estes povos bons e generosos do mundo financeiro. Abnegados do ter.
O mundo, na visão do autor, esta dividido entre dominantes e dominados; pobres e ricos. Esta é a melhor forma de dividir a sociedade mundial? Penso que sim. Melhor do que raça ou naturalidade.
Caso curioso é o da Suíça e a tolerância dos poderosos com sua estratégia de crescimento econômico que á o esconderijo do dinheiro sujo gerado no planeta. Até a crise atual o paraíso fiscal era tolerado e estimulado = liberdade do dinheiro pelo mundo. Esta estratégia é como a do petróleo hoje no Brasil, ou seja, burra.


No campo dos dominados ampliar as estratégias da denominada globalização contra-hegemônica através das experiências e práticas realizadas e em andamento nos planos econômicos, político, social e cultural.
A ausência de mobilização dos segmentos organizados da sociedade civil é um dos grandes males da atualidade. Sem ação coordenada entre elas, não haverá grande e profunda mudança.
Retomar uma discussão sobre a educação popular. Reviver a pesquisa-participante e a pesquisa-ação. Entender e analisar criticamente novas conceituações teóricas, tais como: complexidade, a auto-organização, as teorias dissipativas, a teoria do caos, o pós-modernismo, o desenvolvimento sustentável, a ecologia e o meio ambiente, etc. Fortalecer e desenvolver o senso comum emancipatório – um senso comum ético – um senso comum solidário – um senso comum político – um senso comum participativo – um senso comum reencantado.

SUGESTÕES DE ALTERNATIVAS PARA TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS:

1) Tributar as transações financeiras de operação de cambio = Tobin;
2) Criar um Fundo Social com este recurso tributário;
3) Denunciar o AMI – Acordo Multilateral de Investimento e despontecializar o poder das empresas transnacionais;
4) Não refutar o novo no processo educacional e reafirmar as capacidades de análise, crítica, compreensão das multidisplinariedades e proposição de caminhos inovadores teóricos e práticos; que proporcione o conhecimento emancipatório;
5) Refundar o UNITRABALHO e uma UNIONG;
6) Questionar o tema dos créditos: para que e para quem. Prever e alocar recursos para assegurar emprego, aperfeiçoar a divisão social do trabalho, ampliar o sistema de proteção social (previdência, saúde e assistências);
7) Aplicar o balanço social nas empresas privadas e atribuindo vantagens àquelas que insiram ações para as maiorias pobres e excluídas;
8) A grande mídia deve passar por uma profunda alteração democrática, objetivando o estabelecimento de uma opinião pública consciente e participante;
9) Maximizar estudos e ações que visem o realismo utópico seja individual ou coletivo;
10) Universalização das políticas públicas e sociais;
11) Aprofundar a democratização do Estado e da Sociedade Civil;
12) Desenvolver meios eficazes de controle social, da sociedade sobre o Estado, dos membros de cada grupo, associação, movimento, etc; sobre suas instituições e entidades;
13) Transparência e visibilidade social das ações dos governos e empresas;
14) Garantir e aplicar a responsabilidade fiscal e social;
15) Instituir uma cultura cívica que garanta a cidadania plena e ativa;
16) Consolidar a democracia representativa e incorporar avanços da democracia direta: plebiscito, referendos e consultas;
17) Extirpar a corrupção, fisiologismo, o autoritarismo e o patrimonialismo;
18) Fortalecer a parceria entre Estado e Sociedade Civil;
19) Instituir os Conselhos de representantes e de gestores;
20) Dinamizar o Plano Diretor das cidades através da participação popular;
21) Democratizar o acesso aos bens produzidos;
22) Fortalecer e expandir os movimentos sociais reformistas ou transnacionais;
23) Instituir e experimentar a propriedade comunitária e autogestionária;
24) Avançar no multiculturalismo, no respeito ao diferente, na ênfase às culturas híbridas e novas culturas urbanas.

domingo, 25 de outubro de 2009

Ontem

A Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, promoveu o seminário internacional "Instituições para a Inovação", em agosto de 2008, no Rio de Janeiro, transcrevo o 2º Painel.

Painel 2 – Inovação e Desigualdade: o imperativo da inovação permanente como maneira de lutar contra a desigualdade ou de fugir a essa luta.

Marcio Pochmann:

Sustentada na interpretação do papel dos progressistas no séc. 21. Há uma inegável oportunidade de um novo padrão civilizatório. A inovação para enfrentar a desigualdade implica em considerar duas questões: 1) entendimento sintético das lições da historia dos últimos 200 anos; pós-sociedade urbano-industrial – onde os progressistas de então deu origem ao estagio em que se encontramos. Trabalho na sociedade agrário ocupava 70% a 80% da vida. A partir de 1791 do evento francês quando o avanço do padrão civilizatório. E a segunda parte são as possibilidades de inovação para o enfrentamento das desigualdades na sociedade pós-industrial, que hora estamos construindo. Libertar o homem do trabalho heterônomo. Marx alertou que a liberdade começa quando termina o trabalho para a sobrevivência.

As duas lições que tiramos da história: 1) profundos ganhos de produtividade material industrial, pela divisão de trabalho e pelo acirramento da competição capitalista, o que abriu novos padrões de civilização. Dois são os eixos: processos revolucionários ou reformistas. Sociedades com experiência da revolução: inglesa, americana e francesa (mudaram a estrutura da propriedade) – burguesa ou as de cunho socialistas: russa e chinesa.

A segunda via de transformação de repartição dos ganhos materiais é o reformista. Sendo a reforma fundiária, tributaria e social. Os pilares das mudanças.

O Brasil não passou por revolução e adia as reformas clássicas. Mesmo com o advento da Constituição Federal o país pouco avançou nas últimas três décadas.

As possibilidades para os avanços da inovação para enfrentar as desigualdades. Tem a maior parte da geração de riqueza o setor terciário – na sociedade pós-industrial. As questões que temos que reconhecer: 1) o núcleo dinâmico da economia moderna é a propriedade imaterial; trabalho fora do local do trabalho – trabalho de concepção qualquer horário e local – é a riqueza não esta sendo repartida e sem regulação. Num PIB mundial de 48 trilhões – as fontes imateriais geram uma riqueza de 200 trilhões. O que resulta numa concentração de riqueza em expansão. Pode proporcionar um novo padrão civilizatório. Temos condições técnicas de 12 hs de jornada de trabalho; ingresso no mercado de trabalho acima dos 25 anos.

Os constrangimentos a esse novo padrão civilizatório estão associados ao: 1) impacto da mudança da produção material (economia do ter) do padrão fordista para toyotista com planejamento central, ou seja, da América para a Ásia. Será a Ásia este pólo gerador de oportunidades? 2) obstáculo à pequenez estrutura de governança mundial. Incapaz de enfrentar as grandes corporações. Um mundo onde 500 corporações dominam a economia mundial. O Brasil tem um PIB equivalente a três faturamentos das três maiores empresas do mundo. A Petrobrás tem um faturamento superior ao PIB da Argentina.

O que temos para esta realidade? O sistema ONU é disfuncional diante da concentração econômica. A ONU pós 2ª Guerra Mundial foi criada para nações. E as 500 maiores empresas quem governa? Uma realidade onde 50% da riqueza do mundo esta nas mãos de 1,2 milhões de família, para um mundo que tem 1 bilhão e 500 milhões de famílias. (ex. da cidade de 5 mil habitantes onde grande empresa contratar 4 mil trabalhadores. Quem governa o prefeito ou o presidente .

O terceiro ponto é a degradação da natureza. O modelo de riqueza e consumo dos paises ricos não é a melhor solução. Com conseqüências inimagináveis como o aquecimento global.

Força política e social capaz de protagonizar a nova construção de um novo padrão civilizatório. Se no século 19 o fundo publico representava 5% da riqueza, hoje 20 a 35%, penso que 2/3 da riqueza seja fundo público para este novo padrão de civilização. Mas quem terá força política? É o tema para os progressistas.
Margarita Stolbizer líder do Partido da Generacion para Encuentro Nacional:

Minha contribuição é uma visão política. Distinta da visão acadêmica. Eu apresento como inovação ferramenta de luta para melhorar as desigualdades. A inovação é um objeto que pode aprofundar essas desigualdades. Mas na verdade é que a inovação é a sua finalidade.

Igualdade de oportunidades econômicas, social, educativas, para a vida. E ai as prioridades de uma agenda que ponha as inovações como ferramenta. Progressista deve escolher a agenda prioritária e geri-la, gestão, de forma real.

Eu proponho dois caminhos: 1) aprofundar a democracia – o poder democrático – participação popular – na tomada de decisões e controle de gestão – maior cidadania – direito de acesso a informação aperfeiçoa a democracia com a participação popular e no exercício do poder – a inclusão é ação que dá cidadania – construção da cidadania é aumentar este acesso à informação – acesso aos direitos – o funcionamento do Estado como uma caixa transparente onde todos os cidadãos possam saber o que se passa lá dentro –

O 2 caminho é pensar a inovação como o acesso a educação é um instrumento que pode diminuir a desigualdade. Romper o ciclo de que família pobre será pobre. Apenas 29% da juventude latino-americana entram na universidade. Em meu país percebemos que a maior parte dos infratores penais possui tão somente o 2º grau. O acesso à técnica é restrito a um pequeno grupo, o que só faz aprofundar as desigualdades.

O papel do Estado deve entrar neste campo através da articulação e formulação de políticas públicas que façam diminuir a desigualdade. Dar um sentido a discussão é dar sentido – para acabar com a pobreza não devemos matar os pobres - responsabilidade solidária é pensar o futuro e se constrói a partir do que fizermos hoje.

Prof. Sam James da Universidade Columbia

Vejo poucas criticas as teorias do Mangabeira, já que algumas delas precisam de explicações. Ele prega um conjunto de problemas presentes, sem distinção: norte – sul – leste e oeste. Conexão entre desigualdade e inovação institucional, inspirada pela necessidade de mercado desmercantizada. É insuficiente a dimensão moral para tratar das desigualdades e dar impulso a qualquer programa progressista. E dar-lhe motivação jurídica, política e social.

Um programa baseado em transferências e taxas pode naufragar, diante dos inimigos. As desigualdades temporárias há pouco nível de recursos e oportunidades. Pode existir uma quantidade de desigualdade multiplicada pelo fator comum. Assimetria entre as desigualdades é que pode causar uma enorme diferença. O inovador vantagem comparativa é o propulsor da diminuição das desigualdades.

A inclusão dos excluídos cria uma oportunidade. Porém os seres humanos são apegados ao apoderamento. O drama da luta do custo da inclusão é a obscuridade aos efeitos da ação que promove a inclusão. Vantagem produtiva e a inclusão progressiva qual é a estratégia?

Dois exemplos estão na Índia rural. O exemplo comum depende do subsídio social. Os pequenos fazendeiros da Índia foram beneficiados por crédito, no início da década 70/80, foi aumentando de falta de alimentos para exportar alimentos. A mão do Estado foi essencial para isso. A forma cooperativa de laticínios na Índia também proporcionou grandes resultados. Aqui pouca importância foi dada ao subsídio.

No mundo global o comércio deve proporcionar uma melhora aos trabalhadores.

E a experiência é o que irá determinar o sucesso ou não da ação.

Pergunta de Luis Fernando Queiroz para Cornel West:

- O Brasil se diz o maior país católico do mundo. É possível, é desejável usar esta religiosidade para gerar uma grande transformação da sociedade? E como fazer?

Resposta – Religião do latim religare – goma comum. Como juntar o povo diante do interesse público? Sabemos que a religião tem historia de barbaridade, fanatismo, etc Por outro lado à possibilidade profética da religião que fala de compaixão, justiça, esperança e essas religiões podem contribuir. Nos EUA não é possível desconsiderar os profetas da religião.

Religião é uma força profética!

Ministro Mangabeira Unger:

Eu me preocupo com a impressão que pode ser criada e que a idéia de um novo modelo includente seja apenas o anúncio de uma intenção piedosa, a que não corresponda ao conteúdo prático.

Assim argumento que existe hoje um grande espectro de países, mais ou menos desenvolvidos, um programa minimalista dos progressistas. Em primeiro lugar, pois seus elementos são convencionais, conhecidos. Exigiria avanços modestos em relação as praticas já estabelecidas. Em segundo lugar é minimalista, pois apela a motivação, ideais, amplamente divulgados na vida contemporânea. Mas ao mesmo tempo em que é minimalista é radical. A adoção deste programa representaria uma ruptura na sociedade contemporânea e ajudaria a consolidar a terceira esquerda.

(1º) Instrumentalizar as pequenas empresas as iniciativas empreendedoras dispersas que se prolifera nas sociedades contemporâneas. Não deixar que torne a forma tradicional da propriedade familiar isolada. O primeiro ponto institucional é o Estado e o pequeno produtor (EUA regula a distancia e na Ásia impõe uma política industrial) uma forma de coordenação estratégica pluralista, descentralizada e participativa e experimental. O Estado abrir acesso às tecnologias, crédito e as práticas avançadas. O segundo atributo decisivo Um novo modelo jurídico da propriedade privada e social, que facilite a concorrência e a cooperação. Para que estes empreendimentos descentralizados possam competir e cooperar ao mesmo tempo, ganhando economia de escala pela cooperação.

A relação do capital e trabalho pautado pelo interesse das maiorias, não da minoria. Reforma das relações do trabalho que tire metade da população ativa da informalidade, por meio de uma reforma tributaria e aprofundar a microeconômica. Com um novo estatuto legal que proteja, organize e represente os trabalhadores temporário, terceirizado ou não assalariado.

Democratizar o acesso à inovação tecnológica. O Estado deve mobilizar os seus poderes a favor da inovação muito além do que faz atual. O joint-venture privado o Estado faz uma mímica e o regime das patentes, não tenha que passar pelo regime de propriedade e exclusão.

A quarta diretriz é uma grande dos rumos da educação publica. Orientadas pela gestão local que associe os três níveis da federação, quando um sistema educacional local é defeituoso.

É um novo paradigma conceitual e o pratico.

Serviços públicos. O Estado permitir que serviço público seja feito por iniciativa privada, sob a coordenação e fiscalização do Estado.

A sexta é criar mecanismos institucionais que permita romper os impasses e facilitar a construção de contra-modelos de divergências em território ou economia. A sociedade criando um caminho alternativo. Combinar a democracia indireta com a direta. A minha tese é a seguinte que um programa construído com estas 6 diretrizes é viável. Representa um projeto de uma esquerda que não quer apenas humanizar o mercado. A motivação que orienta esta não é só diminuir a desigualdade e de elevar as massas a um status de libertação.

Glauco Arbix:

O debate sobre inovação institucional incorpora distintas áreas: no Estado, na sociedade, ciência,... O Robin Morre alertou e eu sigo que devemos buscar a sedimentação do painel, para convergir em algumas das idéias.

O papel importante do PT que foi uma inovação institucional e que passa despercebida por nós. E a realidade das idéias e as idéias que possam ter realidade.

Prof. Julian Le Grand Scholl de Londres -

Um programa minimalista e progressista. Duas idéias de contato com esse programa. As idéias não tocaram na questão da propriedade da riqueza, mais que a renda ou a educação.

As desigualdades das riquezas entre os países e no interior dos países são muito grandes. O desafio é pensar no que fazer para diminuir essa desigualdade da riqueza. Uma delas é o micro-crédito e seus resultados. Outra é as idéias econômicas de Hernando le Sotto. Os pobres da América Latina possuem ativos, porém não existem direitos sobre eles. Dando a eles instrumentos pelo Estado. E a terceira idéia a européia toda criança que nasce recebe uma dotação financeira. Certo valor pequeno é depositado numa conta que só pode a criança mexer aos 18 anos. Reino Unido, Cingapura.

Prof. Vladimir Popov da Nova Escola Econômica

Pergunta a todos os membros do painel. Desigualdade e democracia. O papel de advogado do diabo que é uma inconsistência entre a desigualdade de renda e a democratização. Temos 86 bilionários mais que no Brasil. Nos países em desenvolvimento a democratização aprofunda a desigualdade de rendas. Há país do mundo que a queda das desigualdades acontece.


Ministro Ahmed Lahlimi Alami do Marrocos

A definição de um programa é excelente. Mas é uma excitação, pois os socialistas não estão no poder.

A situação dos partidos socialistas está em defasagem diante do programa. A queda do Muro e a Globalização tomaram os partidos de esquerda de espanto. Porém este programa não tem apelo aos jovens ascendentes que só falam em competição, mananger, etc. Que discurso é este? Que podemos participar do poder e romper as práticas e valores que dominam. Os organismos internacionais também estão envolvidos nesta dinâmica. O que poderia se tornar um novo, um compromisso histórico no contexto da economia globalizada.

No Marrocos devemos analisar, iremos tentar subsidiar os preços dos alimentos e do petróleo. Mas este subsídio favoreceu mais os ricos que os pobres. Política de subversão foi impossível de realizar. No Marrocos 50% do orçamento não esta alcançando os resultados esperados. Daí se criou o movimento de lutas para o desenvolvimento nacional. Com iniciativas que ajudassem os pequenos. Após avaliação independente a pobreza relativa foi de 14 para 9%, porém as taxas nas zonas onde a política foi aplicada o índice de queda foi maior. Menos pra a classe média e muito mais para os pobres e os ricos. Ai tivemos um novo problema a classe média.

Antonio Barros de Castro:

Vou selecionar alguns ângulos daquilo já discutido. Uma revisão e radicalização de agenda.

A dificuldade enorme que eu sinto a uma alteração de agenda e revisão radicalizante, sem ter em conta as tendências relevadas por esta economia revelada nos últimos anos e o que mudou nos últimos anos.

Temos uma história muito densa presente e diante de uma agenda carregada mais carregada.

O concreto é o seguinte, quatro questões: ascensão da China como pólo da transação comercial do comércio mundial, tem efeitos fortes sobre o Brasil e nós coloca uma carga brutal, o que não acontecia a 5 anos atrás. O Brasil possui um sistema industrial diversificado e esta estrutura a certa medida esta colocada em questão pela competividade.

Segundo o Brasil se viu dotado de uma grande riqueza de recursos naturais e hoje, o país é super dotado. Ameaça de um lado e super dotado de outro. Terceiro ponto o país emerge de 1/4 de século de estagnação, o que coloca uma pauta a ser enfrentada. O sistema financeiro e o crédito estão dando saltos, com imensas relações inclusive com a questão das desigualdades. Como resolver esta herança? Qualquer mudança de agenda deve avaliar as vantagens e desvantagens.

Outra questão durante algumas décadas o Estado brasileiro que era atuante e intervencionista, foi reduzido nas últimas décadas. A emergência deste Estado enriquece o quadro das opções políticas públicas. Finalizo que os problemas a ser enfrentado, têm que levar em conta a velocidade. Petróleo e etanos são enormes possibilidades para a economia. No caso etanol podemos fazer mais o que o mundo quer. E no petróleo temos uma velocidade menor diante do que o mundo quer.

As grandes escolhas a fazer no existente já é uma pauta carregada.

Joel Netshitenzhe Chefe da Casa Civil da África do Sul

O desafio da desigualdade. Quando da democratização em nosso país, vimos que a desigualdade entre raças foi se estreitando, a educação também, e as desigualdades entre as raças, como na raça negra que se ampliou. As desigualdades parecem estar na sociedade – 10% mais ricos da população tiraram mais frutos do crescimento. Programas reativos para lidar com tudo isso?

A qualidade da educação para os pobres para romper com a reprodução da pobreza é uma ação positiva.

O fenômeno global com a apropriação dos frutos do trabalho, especialmente, com os pacotes das grandes companhias, piorando das relações entre as nações. Esta apropriação do fruto do trabalho pelas grandes companhias, o que pode ser feito? E as vantagens que surgem primeiro lidar com a desigualdade no contexto positivo.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Hoje e Amanhã.

Se por acaso ainda me faltasse razões para votar e pedir votos a Dilma, para a eleição de 2010. Só o fato de dar continuidade na maior reviravolta promovida pelo governo Lula - silenciosa, profunda, importante, não visível à maior parte da sociedade, mais tão importante para o futuro do país quanto são os programas de políticas públicas sociais e de infra-estrutura. Destaco a relevância da manutenção e do aprofundamento do rumo da atual política externa brasileira. O principal motivo que me basta para votar na mulher Dilma.
O governo que busca, de forma intensa e constante, fortalecer o MERCOSUL, aprofundar as relações entre os países do eixo Sul-Sul, a nossa atuação na África, no G4, G20 e até mesmo na nossa missão humanitária no Haiti, são exemplos reais e concretos da profunda mudança no comportamento de nosso país diante do mundo.
A relevância desta decisão de governo se traduz na ampliação da nossa soberania no caso da Amazonia, na ampliação do comércio exterior e, até mesmo, na proteção num futuro de ataques estrangeiros, em busca de nossas riquezas naturais e de nosso espaço físico. Não se iludam os que acham que a improbabilidade da hipótese ou fruto de quem sofre de surto psicótico ou adepto de teorias conspiratórias. Procuro demonstrar a seguir que não é uma coisa e nem outra. Simplesmente é o instinto de sobrevivência do ser humano que falará mais alto!
Minha análise singela, simples até, sem amparo nos fatos históricos e na evolução das teorias das relações internacionais entre os países é a seguinte: - Quando faltar pão e água na mesa da sua família. Aonde buscará suprir os meios para a sobrevivência de sua família? A resposta é: no seu vizinho!
Pois bem, quando os países mais avançados em tecnologia e no consumo de bens e produtos, tiverem escassez como, por exemplo: comida e água. Aonde estes países buscarão suprir as necessidades de sua sociedade? Resposta: no vizinho. E qual é a nossa garantia presente de que essa busca ou exploração será pacifica? Resposta: Não há garantias de que será pacifica. Nossa garantia é o fortalecimento do MERCOSUL e de nossas relações internacionais, com os países semelhantes ao nosso, nos aspectos econômicos, geográficos e de nível de desenvolvimento.
Para reafirmar a minha premissa inicial de que foi a política externa do governo Lula, a mais importante, prefiro traduzi-la nos aspectos: qualidade e quantidade dos opositores. Perceba a diferença: se no campo interno o governo enfrenta e enfrentou a oposição política para adotar o programa Bolsa Família – que assiste 12 milhões de seres humanos; oposição representanda por no máximo 1 milhão de pessoas e de algum recurso material e intelectual aderente a cópia programática. A nossa política externa enfrentou e enfrenta poderosos países e até mesmo o principal deles: os EUA – 300 milhões de habitantes e poderosos grupos econômicos e de formulação academica. Quando comparamos essas oposições de ordem política: a interna e externa. Fica cristalina a coragem do atual governo. Sem dúvida nenhuma, o governo do Lula foi mais corajoso e ousado no embate com a oposição exterior do que com a oposição interior e mais magnânimo em relação a essa!
A eventual perspectiva de mudança no rumo da política externa. Já é razão para não votar no candidato da oposição, bem como, a manutenção do sentido da atual política externa; estimula o meu ato de votar e pedir voto a Dilma, pois sei do seu compromisso de não mudar e aprofundar o modelo de atuação existente no presente.
E para manter e aprofundar a nossa política externa é preciso ter muita coragem, para enfrentar e não ceder diante dos poderosos. E a Dilma, seja no passado ou no presente, demonstrou que é possuidora da coragem necessária para o enfrentamento. Eu que desejo ver meu país continuar na posição vertical e a sociedade mais feliz. Voto Dilma.

domingo, 18 de outubro de 2009

Ontem

Viva Jorge Mautner!
"1 A ETERNA dúvida do homem é: ir ou não ir para a tempestade. Muita gente acha abrigo na casa da grande mãe. É melhor refugiar-se no seguro, do que enfrentar o abismo. Sei que vão dizer (os bitolados) que isto é idealismo negativista, ou qualquer nome idiota. Mas não me importa. Há muito que não me importo mais com os meus inimigos superficiais, que encontraram em alguma organização da teoria a paz para os seus complexos de frustração. Eu, pelo menos, não descanso, não me perdôo. A floresta é o grande perigo. É lá que estão as feras e o grande mel, a fonte rodeada de avencas e o sexo que é mais profundo e colorido quando a chuva cai serena e triste sobre a mata".

sábado, 17 de outubro de 2009

Ontem

Transcrevo o bloco 4 - Documentário "Histórias do Poder" - A Batalha pelo Voto, realizado pela Tv Câmara em co-parceria. Nas falas podemos lembrar e conhecer a visão de diversas autoridades, ex-autoridades públicas e acedemicos.
O importante é perceber quem manteve ou não a coerencia com o passar do tempo. Quem tiver paciencia de ler vai gostar do resultado.

Aureliano Chaves A nossa democracia é representativa, não é uma democracia direta, é uma democracia representativa que se faz através dos partidos político e de seus representantes nas câmaras legislativas.
Miguel Reale A verdade seja dita: o vice-presidente Pedro Aleixo puxou muito a brasa para o lado de Minas Gerais. E eu então pedi vistas ao processo para no dia seguinte levar uma solução mais adequada, estabelecendo uma proporcionalidade maior do estado de São Paulo no contexto da federação. E levei uma solução e quando o presidente Costa e Silva leu a solução apresentada por mim, disse “Desse jeito também não, professor, porque o Sr. puxou a sardinha pra São Paulo e vamos estabelecer uma solução intermédia”. E fizemos uma solução que até hoje me parece a mais adequada, a representação proporcional à medida, com base no censo eleitoral, ao contrário da constituição de 88, que descambou para um absoluto absurdo, estabelecendo um número máximo para São Paulo de 70 deputados e não mais do que 70 deputados, enquanto que só o estado de Tocantins tem 8.
Roberto Freire Um erro nosso foi termos colocado 8 deputados como mínimo para esses ex-territórios. Aí foi a grave, a grande distorção, porque se tivéssemos mantido o que existia antes da assembléia nacional constituinte, 3 deputados, nós teríamos hoje talvez uma melhor e mais adequada equilibrada representação no Congresso.
Carlos Ranulfo O sistema eleitoral brasileiro, os estados, menos desenvolvidos, vamos dizer assim, os estados do norte, do nordeste e do centro-oeste são favorecidos. Eles elegem mais deputados do que deveriam né? Há uma desproporção. O eleitor do Amapá, o eleitor de Rondônia, vale dezesseis vezes o eleitor de São Paulo. O voto dele vale mais. Então, isso faz com que muitas vezes um partido tenha mais voto do que o outro, mas tenha menos deputado. Quer dizer que o sistema eleitoral distorce a força, a proporção entre votos e cadeiras no Brasil.
José Serra Hoje, quando você quer limitar, por exemplo, a participação de uma legenda de aluguel no horário gratuito numa campanha, você não consegue porque a Justiça diz que isso contraria a constituição. E eu não tô falando de partidos pequenos, não. Eu tô falando da legenda de aluguel, esses partidos que o sujeito inventa poucos meses antes, vende a legenda, ou vai prum programa de televisão só pra atacar um candidato alugado que foi por outro. Coisa que atrapalha né?
Leôncio Martins Rodrigues Por que isso acontece? Acontece porque os programas dos partidos numa democracia são simplesmente propostas que se realizam mais ou menos, não é? Um cientista político entende que os partidos não vão ao governo para realizar programas. Eles fazem programas para ganhar eleições. Então, um programa que não tenha nenhuma chance de levar esse partido ao poder acaba sendo abandonado.
Leôncio Martins Rodrigues Os partidos que são mais ideologizados, são os partidos que são muitos pequenos e não têm nenhuma chance de progredir, ou têm muito pouca chance de crescer. Se eles crescem, eles vão se tornando mais pragmáticos e menos ideológicos. E a razão é simples: porque eles têm que buscar votos Aonde for possível. Porque finalmente numa democracia, a meta de um partido é chegar ao poder, não é?
Evandro Carlos de Andrade Eu acho que se deteriorou muito, a prática política, muito. Porque se instituiu, se legitimou uma coisa que se chama dinheiro de campanha, e o dinheiro de campanha acabou sendo um processo de corrupção de... vamos dizer, de fechar olhos para comissões e para licitações fraudulentas. E para tudo isso que estamos testemunhando e denunciando aí, sempre que podemos, que temos uma dificuldade muito grande de se conseguir provas disso... Mas o fato é que o custo das campanhas virou pretexto para que políticos ponham no seu próprio bolso um dinheiro que não se sabe quanto é, não é mesmo? E aí você vê uma prosperidade indecente de homens públicos.
Celina Vargas Verbas existem pra você fazer campanha. Mas você tem que, de alguma forma, fazer um jogo de recursos públicos, que pra mim é corrupção.
Carlos Ranulfo A tendência no mundo é o estado financiar as campanhas, né? O lado positivo disso é que você pode inibir um pouco da corrupção eleitoral. Boa parte da corrupção eleitoral vem do dinheiro privado que vai para as campanhas e ninguém controla. Se você vincular financiamento de campanha, o problema é você conseguir fazer isso, financiamento de campanha com controle, você proibir investimento privado na eleição, isso pode ser um ganho, né? De novo, um lado, um aspecto problemático é que os partidos vão mais e mais ficar dependentes do estado.
Agripino Maia O Brasil hoje está assistindo em eleições sucessivas a vitória daqueles que têm dinheiro. E a derrota dos que têm talento, mas não têm dinheiro. Isso é bom pra política do Brasil? Eu acho que isso é muito ruim.
Paulo de Tarso O que, sim, preocupa, é esta falta de convicção partidária. Os políticos optam por partidos não em função das posições políticas que os partidos tenham assumido. Mas em função de interesses concretos, político-eleitorais.
Carlos Ranulfo A carreira política no Brasil é uma carreira repleta de incertezas. A própria renovação é muito difícil, ou melhor, dizendo, não é fácil um deputado se reeleger no Brasil. Geralmente uma boa porcentagem não consegue. Então, o deputado procura segurança quando chega ao Congresso. Como não existem impedimentos que ele mude de partido, ele logo busca uma legenda que lhe traga mais benefícios na disputa pelo voto. Benefício pode significar estar próximo do governo, ou pode significar estar numa legenda onde é mais fácil se eleger.
Lula Eu penso que toda sociedade brasileira precisaria acompanhar um pouco mais o Congresso Nacional, para as pessoas se darem conta de que no Congresso Nacional tem uma minoria que representa os interesses e as aspirações da maioria da sociedade. Eu muitas vezes não consigo compreender porque que o povo reclama tanto da vida, reclama tanto da classe política e quando chega na época da eleição o povo consegue colocar no poder exatamente aqueles que ele se queixou a vida inteira.
Carlos Ranulfo Como é que você avalia a força de um partido, no Congresso? A força de um partido depende de quantos votos ele tem, na sociedade. Então, se nós examinarmos, para exemplificar... o PSDB, em 94, elegeu pouco mais de 60 deputados. Isso era a força que a sociedade lhe deu ao votar. Três anos depois, o PSDB tinha mais de noventa deputados no Congresso. A sociedade não deu essa força pro PSDB. Então, esse crescimento do PSDB não corresponde a uma manifestação do eleitorado. Isso é uma distorção, começa a haver uma falta de sintonia entre o que acontece na eleição e que acontece no Congresso.
Lúcia Avelar Quando nós pensamos na consciência política do eleitor brasileiro, eu acho que a primeira coisa que nós vamos ter que pensar é desigualdade que caracteriza o Brasil, que é um dos países de maior desigualdade de renda do mundo. A mesma coisa acontece com o eleitorado. Pelo menos 70 por cento do eleitorado brasileiro é de baixa renda, é de baixa escolaridade, não teve uma experiência de organização política, ele se encontra nos grandes municípios urbanos, ele tem uma situação periférica. Porque ou ele está vivendo numa situação em que ele não participa, por exemplo, de um bem social como escolaridade, ou de organização de movimentos coletivos, etc. Nos municípios menores, ele é periférico também porque ele se encontra numa situação social e geográfica também periférica.
Leôncio Martins Rodrigues Essa percepção, que não é minha, é de uma corrente da ciência política, de que numa democracia, quem de fato governa é a classe política. Eu penso que é assim, e o que devemos fazer é ter uma boa classe política. Menos corrupta, mais eficiente, mais atenta às reivindicações da população.
Ferreira Gullar O cara vai conversar com o coronel, o sertanejo lá, todo assim: “Coronel, eu vou votar”. Em quem você vai votar, Juvêncio? “Eu vou votar no senhor, claro. Vou votar no senhor. Agora, o prolema é o seguinte: é que eu não tenho chapéu, né? – Mas chapéu por quê? - Como é que eu vou votar sem chapéu? - Ah, então a gente arruma um chapéu prá você - Pois é, agora também tem o seguinte: a minha mulher não tem vestido. E os garotos também não tem...” “Mas o que? Os garotos não votam! - Não, mas eu tenho que trazer todo mundo! (Risos)… Chapéu, vestido e a comida também. (Risos)”

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O Tempo

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e
inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais
voltará.
Mário Quintana*

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Hoje

"Cada vez mais, o sindicalismo deve ser protagonista de futuro, construtor do amanhã, interferindo nas transformações do mundo do trabalho a partir do aumento da organização e da consciência da classe, para que a sociedade do conhecimento seja a da abundância e não da escassez, da cooperação e não da competição", afirmou professor Márcio Pochmann.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ainda Ontem...

SEMINÁRIO SOBRE A CRISE ECONÔMICA MUNDIAL
(25/11/2008)

MARCIO POCHMANN

Muito boa tarde a todos os presentes quero cumprimentá-los pela decisão tomada pelo bloco de esquerda (PSB-PDT-PCdoB-PMN-PRB) de oferecer a possibilidade de discussão a respeito do tema da crise econômica-financeira. Não há dúvidas que esta questão é muito complexa e que a crise terá longa duração. É fundamental que nós tenhamos uma articulação política em torno deste tema que não deve ficar restrito a esfera da economia, especialmente dos grupos de interesses afetados que se manifestam através dos meios de comunicação e da pressão junto do governo. É certo que a crise terá efeito muito amplo na sociedade e a ausência da política não nos ajuda, a saída da crise é, certamente, uma saída política. Eu quero agradecer a oportunidade de estar acompanhando nesta mesa de companheiro do mais alto nível. Vou dividir a exposição em quatro partes. Na primeira parte quero tratar basicamente da natureza da crise, que é uma crise econômico-financeira. Numa segunda parte irei tratar da crise como uma oportunidade; não imaginamos que a crise seja somente problemas, é justamente nas crises que os países se recolocam no cenário internacional tomam decisões em torno de seu redirecionamento interno. Na terceira parte gostaria de apresentar algumas das principais medidas que estão sendo incrementadas nos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China); e por fim analisar o impacto da crise no Brasil.
Do ponto de vista da natureza, trata-se de uma crise sistêmica e estrutural. Sistêmica porque ela se iniciou no coração do sistema financeiro e está indo ao cérebro da política, isso dá a idéia de sistematicidade de crise destas naturezas e evidentemente que ela se iniciou no coração do capitalismo e atingiu os bancos e está impondo perdas patrimoniais das mais significativas. A queda nas bolsas de valores, em termos de volume de recursos, já é maior do que a verificada na crise de 1929. Então, não estamos falando de uma crise qualquer. Até agora, os efeitos das perdas patrimoniais são de níveis superiores, quando comparados em termos de rebaixamento dos preços das ações, da crise de 1929. A crise atual também atua sobre o sistema produtivo, a economia real, e já está impactando o mercado de trabalho. Os efeitos sociais terão repercussões sobre a política. É importante dizer que na crise de 1929, no âmbito da América Latina, dezesseis países tiveram alteração de governos. Evidentemente, não queremos alarmar, mas não há dúvida que a crise econômica não fica tão somente no âmbito da esfera econômica tem as suas dimensões econômicas e sociais. Esta crise também é estrutural. Estrutural porque estamos partindo do pressuposto que o mundo pós crise será muito diferente deste que nós conhecemos. Está sendo colocado por terra todo o emaranhado ideológico que o neoliberalismo impôs nestas últimas três décadas. Esta crise, de certa forma, é um pouco diferente da crise de 1929, por que a crise de 1929 começou pelo setor produtivo e avançou para o setor bancário, financeiro. A crise atual começou pelo setor financeiro e avança para o setor produtivo, não se sabe muito bem dimensionar o tamanho desta crise, por que parte importante dela não se encontra registrada, documentada ou contabilizada, justamente por que o efeito da desregulamentação permitiu que ocorresse uma espécie de operação sombra sobre o mercado financeiro, à margem do mercado financeiro internacional. Até agora não se tem um registro completo do tamanho da crise do ponto de vista financeiro, mas, inegavelmente, ela tem repercussões para além da esfera financeira. No nosso ponto de vista as razões desta crise podem ser encontradas, em primeiro lugar, pelo fato da enorme redução do papel do Estado, a crise tem na sua origem a redução do papel do Estado. O Estado como ente regulador, como monitoramento da condição econômico-financeira, sofreu fortes reduções. Então o primeiro aspecto que nós queremos ressaltar é o fato de estarmos vivendo um capitalismo do início do século XXI em que o Estado perdeu papel e houve um crescimento espetacular do setor privado sem grandes regulações. A segunda razão está associada à piora na distribuição na renda e na riqueza. Primeiro a redução do Estado, segundo a ampliação do grau de concentração da riqueza. Não há dúvidas que o capitalismo do século XXI é um capitalismo sustentado em ganho de produtividade imaterial que até hoje são pouco contabilizados e objeto de disputa relativamente pequeno por parte dos sindicatos e até mesmo da tributação. Então tivemos um crescimento espetacular da riqueza que se deu de forma muito concentrada que permite, por exemplo, que não mais do que 1,2 milhões de ricos do mundo possuam uma riqueza superior a 50% da população adulta do mundo. Uma segunda razão da crise, no nosso modo de ver está dada pela péssima distribuição de renda que se verificou nas últimas três décadas. Bem, podemos passar a primeira parte que nós temos da natureza da crise porque temos ainda um pouquinho que é a natureza financeira que mostra sua origem no centro do capitalismo mundial e aí nós vemos então uma noção dos preços dos imóveis e o grau de inadimplência. Este grau de inadimplência já era perceptível. Na verdade houve uma ampliação do crédito para segmentos que não tinham oportunidade de emprego e renda que são considerados sub-cidadãos, se podemos assim falar, dado à ausência de políticas públicas, investimentos em habitação para o segmento mais desvalorizado da população norte americana. Frente a este problema habitacional, verificou-se uma saída de mercado. A saída de mercado foi oferecer crédito para as famílias pobres. Inicialmente, verificou-se que elas não tinham condições de pagar o que significaria do ponto de vista do mercado oferecer taxas de juros muito mais elevadas do que a média da população. Estabelecido estas taxas de juro elevado de imediato possivelmente não haveria interesse de tomar este crédito por parte da população mais pobre por isso que se ofereceu em um primeiro momento uma taxa de juros bem baixa para que num segundo momento aqueles que tomaram crédito passassem a pagar uma taxa de juros muito maior. E é isso que ocorreu a partir de 2005 e 2006 quando começa a crescer a inadimplência nos Estados Unidos por que chegou uma conta de taxa de juros maior e esta população não teve melhora no emprego, não teve melhora na renda e portanto sentiu incapacitada de atender os compromissos assumidos. O gráfico ..... mostra a crise mais profunda que é a crise no padrão dos Estados Unidos com a evolução da relação entre poupança, renda das famílias e o seu grau de endividamento. Na década de 50, as famílias tinham em média um quinto de renda para o empréstimo tomado. E nós vamos ver que esta relação vai evoluindo ao longo do tempo, a renda das pessoas equivale apenas 1,5 % do empréstimo tomado. Então evidentemente que era uma situação insustentável. Pagava-se a dívida de um cartão de crédito com outro cartão de crédito. O gráfico .... mostra a participação do 1% dos mais ricos dos Estados Unidos na renda total nacional. Com o avanço do neoliberalismo nos anos 80 nos Estados Unidos, não exclusivamente, houve uma redução dos tributos para os mais ricos. Se na década de 50, 1% dos mais ricos absorvia 10% da riqueza dos Estados Unidos, a partir dos anos 80 há um crescimento e hoje cerca de 18,3 % da renda nacional é absorvido por apenas 1 % da população mais rica. Nós tivemos uma situação que a redução do Estado, redução da tributação favoreceu extremamente os muitos ricos e a saída de mercado para os muitos pobres se tornou inviável. O gráfico .... indica que o Banco Central Norte Americano apresentou uma série de equívocos, entre eles absorver em seus ativos, crédito do setor privado. Em abril de 2007 somente 3% do total de ativo norte-americano eram formados por ativos do setor privado. Em maio de 2008, praticamente 30 % do total de ativo do banco norte-americano eram formados por créditos do setor privado. Créditos podres. Então mostra a relação que o banco central norte-americano teve com o endividamento e teve que tomar decisões que deveriam ter sido tomadas há muito mais tempo.
A crise como uma oportunidade para o Brasil. Esta oportunidade se dá em duas ordens. A primeira, a identificação que esta crise é muito mais ampla por que ela se estabelece na realidade quando a economia norte americana perde maior centralidade na economia mundial, isto é, estamos falando do deslocamento do centro dinâmico do mundo. Assim como a crise de 1929 representou o fim da hegemonia inglesa. Esta crise 2007-2008 pode significar o fim da hegemonia norte americana. Por quê? Em primeiro lugar porque nós podemos verificar no gráfico ....... que em 1950 a economia americana representava quase um terço do produto interno bruto - PIB do mundo. Se nós olharmos este dado em 2005 verificamos que representa um quinto. e Saiu uma tendência de perda de participação do PIB americano no PIB mundial. Então na verdade estamos tratando de um cenário de esvaziamento do centro dinâmico do mundo, possivelmente a economia pós-crise será uma economia multipolar com vários pólos econômicos do mundo e aí nós temos uma situação de novidade que é o espaço da Ásia. O somatório do PIB Latino Americano que valia 7,5% do PIB mundial em 1950, em 1980 chegou a 9,6%. De 80 para cá houve uma regressão, representa 7,5 % do PIB mundial, ou seja, a América Latina em 2005 voltou o que era ser América Latina em 1950. O PIB do Brasil atualmente é 2,4 % do PIB do mundo, era 3,2 % em 1980. Há um deslocamento do centro dinâmico e há oportunidades de países ocuparem, ou seja, a crise tem que ser vista em perspectiva de tomada de decisão por que há um cenário mundial instável e não decisivo. Qual é a oportunidade que a América Latina e o Brasil têm? Que projeto temos para ocuparem este espaço do vazio da economia americana? Certamente a crise representará a desfinanceirização da riqueza, possivelmente a crise representará uma diminuição da globalização. Que perspectiva temos do ponto de vista de médio e longo prazo para ocupar estas novas possibilidades? Do ponto de vista da participação no crescimento do PIB do mundo, no período de 2000 a 2005, 56% do crescimento do PIB mundial dependeu fundamentalmente da Ásia. Metade do crescimento do que ocorre no mundo pertence à Ásia. Os Estados Unidos participa com 12% do crescimento do mundo. A América Latina com 4,5%. Existe a possibilidade de construção de uma nova ordem econômica-social no mundo. Isso por que o estado de governança mundial vive um quadro de enorme desfuncionalidade. O Sistema ONU – Organização das Nações Unidas e suas agências como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional - FMI estão muito distante de ter capacidade de reorganizar o mundo. Em primeiro lugar por que o sistema ONU foi construído no imediato pós-guerra e naquele momento os países eram mais importantes do que as empresas que operavam subordinadas ao espaço nacional.
No mundo de hoje o que temos é o controle mundial feito basicamente pelas 500 maiores corporações transacionais que dominam qualquer setor da atividade econômica. Quando somamos o faturamento das maiores corporações do mundo, observamos que elas têm 46% do PIB mundial. As três maiores corporações têm um faturamento equivalente ao PIB do Brasil. O PIB das 50 maiores corporações é superior ao PIB de 150 países. O sistema ONU está despreparado para lidar com esta nova realidade o grau de concentração econômica destas grandes corporações e a crise acirrará o grau de concentração e centralização do capital, estamos vendo a associação e fusão de bancos, fusão de grandes empresas, então nesta perspectiva como fazer a governança do mundo? Não há dúvida que é necessário o fortalecimento do papel das políticas públicas. O G-20 está aparecendo como um espaço novo de construção, evidentemente que o G-20 nos parece insuficiente se não tiver uma organização, um grau de capilaridade de organização superior ao das Nações Unidas especialmente num quadro em que convivemos num esgotamento de padrão de desenvolvimento sustentado de produção de bens de consumo durável que foi justamente o motor da expansão do século 20. E estes bens de consumo durável se mostram claramente insustentáveis ambientalmente. Nós estamos ainda dependentes da economia do ter e hoje ter muito pode significar um decréscimo do ponto de vista da sustentabilidade do mundo. Qual será o novo padrão de desenvolvimento que não seja basicamente esta perspectiva do consumo desvairado em bens que são altamente comprometedores da sustentabilidade ambiental?
O que os outros países estão fazendo para enfrentar a crise. O Reino Unido acabou de lançar um pacote nesta segunda feira muito interessante do ponto de vista na tentativa de estabelecer com certo grau de civilidade. Além de ter feito uma opção por compra de ativos do banco, não empréstimo tão somente, mas compra de ações de bancos na Inglaterra. A Inglaterra também estabeleceu um programa de redução dos tributos indiretos, os tributos mais regressivos e com aumento equivalente da tributação direta, por exemplo, eles melhoraram seu sistema de cobrança do imposto de renda, restabeleceram alíquotas de 45% sobre a renda. Eles não apenas apóiam justamente os setores mais prejudicados, um arranjo por cima, mas também oferecem modalidades que atendam aos de baixo.
A China está muito ativa do ponto de vista ao enfrentamento da crise. Em primeiro lugar deverão ter uma redução na taxa de expansão em 2007 que foi 11,8% em 2008 9,4% e se espera em 2009 7,4%. De fato uma redução, digamos pouco significativa, um país que continuará avançando num ponto de vista da perspectiva de suas forças produtivas e basicamente é uma opção que a China está fazendo agora para expansão de seu mercado interno. Para isso, a China não somente reduziu sua taxa de juros como ampliou o credito para o sistema financeiro. Uma ampliação do crédito de 19 bilhões como também tomou iniciativa de desenvolver um pacote anti-crise estimado em 586 bilhões de dólares, um pacote anti crise especialmente para debelar os problemas econômicos sociais que a redução do crescimento implicará na China que tem um compromisso de gerar 10 milhões de empregos por ano em função da expansão de sua força de trabalho.
Outro país que tem tomado medidas muito interessantes é a Rússia. A Rússia tem um pacote de medidas voltadas para defesa de sua economia nacional e de nível de emprego estimada em quase 400 bilhões de dólares desde a liberação de recursos para créditos como também a tomada de empréstimos externos para garantir o crédito de sua atividade econômica. Tomaram também medidas do gasto de defesa e tem declarado que não necessariamente cumpriram os acordos comerciais, inicialmente estabelecidos, tendo em vista a dimensão da crise. Houve uma redução na taxa de juros internos na Rússia, bem como medidas voltadas para uso de suas reservas externas. Reservas externas estimadas em 560 bilhões de dólares. A previsão de comportamento das atividades econômicas é de cair o nível de atividades de 6,8%, estimativa para 2008 para 3% em 2009. Uma queda importante praticamente metade do crescimento da Rússia.
A Índia tomou decisões importantes uma vez que haverá uma redução em sua atividade econômica de 9% (estimado em 2008) para algo em torno de 6,8% em 2009. A Índia reduziu sua taxa de juros, hoje a taxa de juros é em torno de 7,5% ao ano. Também tomou medidas de redução de compulsórios e medidas de ampliação nos investimentos em setores de mineração e infra-estrutura. O volume de investimentos que foram liberados é algo em torno de 10% do PIB indiano para o pacote anti crise na Índia.

Vários países estão tomando iniciativas importantes para ocupar o espaço que a economia americana vem perdendo em termos de expansão.
O Brasil vem apresentando uma reconciliação com o seu fortalecimento, com sua expansão. Nós temos basicamente no período deste século tão somente, uma expansão de renda per capita, nós tivemos praticamente duas décadas de semi-estagnação de renda per capita. O Brasil ficou marcando passo no mesmo lugar, conviveu com um ambiente regressivo do ponto de vista social, uma ampliação do desemprego e das mazelas nacionais, mas no período mais recente, nós tivemos um crescimento bastante importante do ponto de vista de sua renda per capita. Nós tivemos também um movimento simultâneo de redução de desemprego, que é ainda relativamente muito alto para os padrões brasileiros, mas há um sentido de queda. A massa salarial vem se recuperando, fundamentalmente pela elevação do salário mínimo, uma vez que a expansão do emprego se mantém basicamente com os salários menores. Pelos dados de 2008, até o mês de setembro, 92% dos empregos gerados no Brasil são de até 3 salários mínimos. Evidentemente o peso do salário mínimo é fundamental para este seguimento que vem sendo beneficiado. O ciclo de investimento de expansão de que temos é basicamente sustentado pelo mercado interno, por sinal bastante positivo.
O gráfico .... indica do ponto de vista da renda do trabalho no Brasil como nós tivemos uma melhora do índice de GINI, que é o que mede a desigualdade, se pegarmos a população nominalmente da menor à maior remuneração nós temos um índice de GINI em 0,52%, é o último dado, em 2007. Ele está levemente acima ainda do primeiro ano que começamos a fazer a pesquisa no Brasil que é em 1960. Nós tivemos um período de alta taxa no índice de GINI e no meio dos anos de 1990, uma queda. Esta queda do índice de GINI não coincidiu com o aumento na massa de salários no PIB. Nós estamos falando, quando a gente fala no índice de GINI, basicamente que é uma medida da renda do trabalho que equivale um pouquinho acima de a 40 % do PIB. Somente de 2005 para cá é que a renda do trabalho voltou a crescer, mas estamos ainda muito distante do que estávamos em 1990 ou em 1980 ou em 1950, quando começou este tipo de levantamento, quando a renda do trabalho equivalia a 56% do PIB. Os indicadores são relativamente positivos. Estes indicadores refletem como se estivéssemos dirigindo um automóvel no passado, não necessariamente nos dão uma base para projetar o futuro. Porque evidentemente uma crise infelizmente há uma possibilidade de interrupção nesta trajetória, por isso no nosso modo de ver é fundamental como uma das principais preocupações da produção e do nível de emprego. O esforço deve ser nesse sentido. É bem verdade que no momento são medidas importantes. Nós estimamos que o governo brasileiro tivesse lançado mão de um volume de recursos equivalente a 150 bilhões de reais, uma quantia bastante importante. Evidentemente que está longe de representar 10% do PIB, como é o que vem acontecendo em alguns países do BRICs. São medidas importantes, dá algum conforto do ponto de vista do crédito, na agricultura, sobretudo e em alguns setores com alto valor unitário, como é o caso de automóvel e de moradia. Atendem justamente a pressão dos que vem de cima. Como os de baixo estão até o presente momento fazendo pouca pressão as medidas que darão um conforto maior até agora não se manifestaram. Precisamos de medidas mais ousadas que atendam mais os de baixo. Por que, do contrário, os de baixo sofreram mais. Isso significaria uma oportunidade de fazer uma mudança tributária que não necessariamente dependeria da reforma tributária que está em discussão na Câmara. Há uma séria de medidas infra-constitucionais que permitiriam alterar a composição da arrecadação. Os municípios brasileiros não cobram o IPTU de forma progressiva. Quem mora nas mansões brasileiras pagam proporcionalmente à renda, menos IPTU do que os moradores de favela. O IPVA, imposto sobre a propriedade dos automóveis, é outro fenômeno que dá regressividade, sem falar evidentemente do Imposto de Renda, que no Brasil ele começa muito alto e termina muito baixo. Não há razão que justifique mantermos uma composição da arrecadação da receita fortemente regressiva. Também entendemos que é altamente necessário mudar a composição do gasto público brasileiro. O Brasil compromete uma parcela significativa de seu orçamento com o pagamento da dívida atrelada ao pagamento de juros exorbitantes. Nós estamos atualmente gastando ao ano uma quantia, em relação ao pagamento de juros, muitas vezes superior ao que gastamos com saúde, com educação e mesmo com investimentos. Se tomarmos 2000-2007, o Brasil comprometeu 1,2 trilhão com juros. Isso é quase quinze vezes mais do que gastamos com educação. Esse gasto é um gasto improdutivo, não gera emprego, apenas conforta os privilegiados deste país. Então, a mudança na composição do gasto permitiria de certa forma a proteção aos de baixo neste país. Por fim, dentro de um amplo conjunto de medidas de defesa da produção e da renda, deve estar o lançamento de um programa de garantia de emprego no Brasil e auxílio àqueles que vierem a ser desempregados. De modo que não seja apenas um programa de seguro desemprego, mas um programa que os permita ser incluídos de forma produtiva. O Brasil precisaria de um PAC II, um PAC que fortalecesse os investimentos nos gastos em obras de estruturação social no campo e na cidade. Enfim, as mazelas são grandes e seria muito apropriado no momento desta magnitude que estamos vivendo, uma ação mais ousada, para acontecer de forma mais sustentada à produção e o emprego nacional.

Há um ano atrás.

A minha mãe,


Ontem não sabia que seria nossa despedida. Se soubesse diria o quanto você é importante e o grande amor contido que sinto pela senhora.

Sua vida minha mãe, acho que foi mais para boa do que ruim. Mas é os seus sonhos não realizados minha mãe, nesta jornada? Incomoda-te? Ah quanto eu queria ter realizado alguns deles...

Pelo menos não discuti ou brigamos ontem. Um quase bom final, não é minha mãe? Se o seu silencio tranqüilo conforta um pouco a minha razão, por outro lado, meu coração apertado e um nó seco na garganta não encontram vazão.

A Dona Anélita era assim que eu a chamava. Dona, mandona, ranzinza, leal, dedicada, trabalhadora, responsável, educada, generosa com os seus filhos. Que o astral e os nossos entes te recebam com o amor que merece. Que meus avôs, pai, irmão e outros entes de luz, façam a festa que a Dona. Anélita merece!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Amanhã

Previsões economia brasileira ano 2009. Abaixo algumas previsões do mercado para a economia brasileira para o ano de 2009, feitas no site da AE - grupo do Estado de SP. No final do ano vale a pena conferir os resultados, para verificarmos quem é melhor economista no ato de antever o futuro!


Arthur Carvalho Filho é economista graduado pela PUC-RJ e mestre pela London Business School
Projeções da Ativa Corretora para o encerramento de 2009
Juro básico
9,25%
Dólar
R$ 2,30
IPCA
4,0%
IGP-M
3,2%
PIB
-1%
Dívida/PIB
37%
Saldo comercial
US$ 12,5 bilhões

Solange Chachamovitz, economista da BNY Mellon ARX, é graduada e mestre em Economia pela PUC-RJ
Projeções da BNY Mellon ARX para o encerramento de 2009
Juro básico
9,5%
Dólar
R$ 2,25
IPCA
4,2%
IGP-M
1,5%
PIB
-1%
Dívida/PIB
39,5%
Saldo comercial
US$ 19 bilhões

Ana Cristina da Costa, economista-chefe da Bram, é graduada em Economia pela FEA-USP e cursa MBA em Finanças no Ibmec-SP
Projeções da Bram para o encerramento de 2009
Juro básico
8,75%
Dólar
R$ 2,60
IPCA
4,45%
IGP-M
2,43%
PIB
-0,2%
Dívida/PIB
37,3%
Saldo comercial
US$ 14,3 bilhões

José Mauro Delella, graduado em Economista pela FEA-USP e pós-graduado em Administração pela mesma faculdade, é economista-chefe da Itaú Asset Management
Projeções da Itaú Unibanco Asset Management para o encerramento de 2009
Juro básico
8,75%
Dólar
R$ 2,35
IPCA
3,8%
IGP-M
2,0%
PIB
-0,7%
Dívida/PIB
39,6%
Saldo comercial
US$ 10 bilhões

Antônio Madeira, graduado em Economia pela FEA-USP, é coordenador de Mercado Financeiro da MCM Consultores
Projeções da MCM Consultores para o encerramento de 2009
Juro básico
9%
Dólar
R$ 2,35
IPCA
4,35%
IGP-M
3,10%
PIB
-0,5%
Dívida/PIB
36%
Saldo comercial
US$ 19 bilhões

Alexandre Póvoa, sócio-diretor e economista-chefe da Modal Asset Management, é graduado em Economia pela UFRJ, pós-graduado pelo Ibmec e tem MBA em Finanças e Economia pela Stern Business School (Universidade de Nova York)
Projeções da Modal Asset Management para o encerramento de 2009
Juro básico
9%
Dólar
R$ 2,50
IPCA
4,2%
IGP-M
0,0%
PIB
-1,5%
Dívida/PIB
36%
Saldo comercial
US$ 8,5 bilhões

Gino Olivaris, economista-chefe da Opportunity Asset Management, é graduado em Economia pela PUC de Lima (Peru) e doutorado em Economia pela PUC-RJ
Projeções da Opportunity Asset Management para o encerramento de 2009
Juro básico
9,5%
Dólar
R$ 2,20
IPCA
4,2%
IGP-M
1,0%
PIB
-1% a -1,5%
Dívida/PIB
38%
Saldo comercial
US$ 18 bilhões

Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Safra, é graduado em Economia pela FEA-USP e especializado em Econometria Avançada
Projeções do Banco Safra para o encerramento de 2009
Juro básico
8,75%
Dólar
R$ 2,30
IPCA
4,3%
IGP-M
3,0%
PIB
0,0%
Dívida/PIB
36,8%
Saldo comercial
US$ 15,9 bilhões

Paulo Barcellos Neto, diretor de Economia e Riscos do Banco Cooperativo Sicredi, é economista e doutor em Economia pela UFRGS
Projeções do Banco Cooperativo Sicredi para o encerramento de 2009
Juro básico
9,5%
Dólar
R$ 2,24
IPCA
4,4%
IGP-M
2,65%
PIB
0,5%
Dívida/PIB
37%
Saldo comercial
US$ 16 bilhões

José Luciano Costa é economista graduado pela FEA-USP e doutor em Economia pela FGV
Projeções da Itaú Unibanco Asset Management para o encerramento de 2009
Juro básico
8,75%
Dólar
R$ 2,35
IPCA
3,8%
IGP-M
2,0%
PIB
-0,7%
Dívida/PIB
39,6%
Saldo comercial
US$ 10 bilhões

Thomas Wu, graduado em Economia pela PUC-RJ e doutor em Economia pela Universidade de Princeton, é economista-chefe da Ventura Gestão de Recursos
Projeções da Ventura Gestão de Recursos para o encerramento de 2009
Juro básico
9,0%
Dólar
R$ 2,20
IPCA
4,1%
IGP-M
1,5%
PIB
-1,2%
Dívida/PIB
sem número
Saldo comercial
US$ 14 bilhões

Abraham Weintraub, diretor da Votorantim Corretora, é graduado em Economia pela FEA-USP e fez o One-MBA (FGV, CUHK, RSM, Egade e UNC)
Projeções da Votorantim Corretora para o encerramento de 2009
Juro básico
8,75%
Dólar
R$ 2,30
IPCA
4,10%
IGP-M
1,70%
PIB
-1,50%
Dívida/PIB
38%
Saldo comercial
US$ 20 bilhões

Hoje

“Esta biocivilização se assentará nestes cinco eixos já apontados por muitos pensadores alternativos:


Leonardo Boff

1)  um uso sustentável, responsável e solidário dos limitados recursos e serviços da natureza;

2)  o valor de uso dos bens deve ter prioridade sobre seu valor de troca;

3)  um controle democrático deve ser construído nas relações sociais, especialmente sobre os mercados e os capitais especulativos;

4)  o ethos minimo mundial deve nascer do intercambio multicultural, dando ênfase à ética do cuidado, da compaixão, da cooperação e da responsabilidade universal;

5)  a espiritualidade, como expressão da singularidade humana e não como monopólio das religiões, deve ser incentivada como uma espécie de aura benfazeja que acompanha a trajetória humana, pois ancora o ser humano e a história numa dimensão para além do espaço e do tempo, conferindo sentido à nossa curta passagem por este pequeno planeta.”

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A natureza do nojo de pobre

Márcio Venciguerra


A ciência mostra agora que existe uma nova forma de exclusão: a exclusão emocional. Os excluídos sociais não são vistos como gente, logo de cara. Isso é um fato. Triste, mas agora é um fato comprovado e recomprovado. É mais fácil sentir inveja dos ricos e orgulho pelos heróis do esporte do que se condoer pela situação de um miserável. A piedade é reservada aos idosos e aos deficientes físicos e não aos moradores de rua ou drogadictos. Estes provocam reações de nojo no cérebro.

E não estamos falando apenas de mauricinhos e patricinhas. Mesmo pessoas preocupadas com problemas sociais não têm empatia imediata quando olham imagens de pobreza extrema, segundo demonstraram recentemente duas pesquisadoras da Universidade Princeton (EUA), Lasana Harris e Susan Fiske. “Em pesquisas anteriores”, disse Susan em entrevista por e-mail, “ficou claro que militantes em favor dos pobres também os consideram estúpidos”.

Lasana e Susan registraram quais emoções surgem nos exames de ressonância magnética de 24 voluntários normais (sem doenças ou lesões). As pessoas assistiram a seqüências de fotos variadas e foram estimuladas a pensar no assunto. Por exemplo, quando era exibida a foto de um morador de rua, as pesquisadoras pediam para o sujeito se imaginar um assistente social, e planejar qual cardápio deveria ser oferecido a eles numa atividade beneficente. Enquanto isso, o aparelho escaneava os miolos, registrando a atividade mental. Isso é, quais circuitos de neurônios eram usados para pensar naquele exato momento.

As pesquisadoras procuravam assinaturas já conhecidas, que significam a entrada em funcionamento de grupos de neurônios relacionados com quatro emoções: orgulho, inveja, piedade e nojo. As reações estão catalogadas num método conhecido como o Modelo de Conteúdo de Estereótipos (Stereotype Content Model, ou SCM), construído a partir de experimentos em 13 nações, normalmente feitos com alunos universitários e voluntários de classe média.

Susan e Lasana têm se dedicado a descobrir os mecanismos do preconceito. Elas querem saber como um ser humano desumaniza um outro, e o quanto isso facilita praticar maldades, como o assassinato e a tortura. Este método, que permite analisar diretamente a emoção, ofereceu uma perspectiva completamente nova e assustadora. Segundo elas, o preconceito é visto tradicionalmente como simples animosidade social e política. Porém, o SCM tem mostrado que alguns são sentimentos piores. A visão de quase todos os grupos sociais costuma ativar o córtex pré-frontal medial, uma região embaixo da testa que só funciona quando a pessoa pensa sobre si mesma, ou sobre outro ser humano. Quase todos os tipos de pessoas, menos os extremamente pobres e os viciados. O pensamento nos miseráveis é processado na insula e amigdala, áreas do cérebro fortemente relacionadas com a sensação de nojo. A imagem de uma privada entupida provoca uma reação semelhante à de um mendigo.

Para as pesquisadoras, a falta de atividade no pré-frontal durante a exibição de fotos de pessoas excluídas mostra que "membros de certos grupos sociais parecem ser desumanizados". Embora as pessoas possam, conscientemente, encarar os excluídos como gente, o cérebro processa como grupos sub-humanos. E não importa se o indivíduo testado está consciente deste fato.

Ninguém interessado no progresso da humanidade tem o direito de ignorar essa evidência, pois é muito contra-intuitiva. A empatia é uma característica muito comum nos seres humanos e este tipo de exclusão emocional não deveria acontecer. O estudo será publicado na próxima revista Psychological Science, com o título Desumanizando os excluídos dos excluídos: neuro-imageamento de respostas à exclusão extrema (Dehumanizing the lowest of the low: neuro-imaging responses to extreme outgroups).

A pesquisa de Princeton alerta para a revisão de nosso modo de fazer política em favor dos excluídos. As pessoas interessadas em valores humanos também não podem se dar ao luxo de cair num conto do vigário antigo e acreditar na prevalência de um sentimento cristão em favor dos mais pobres. Ao contrário, os fomentadores do ódio já começam um passo à nossa frente.

Lutar pela inclusão emocional exige esforço e inteligência. Temos de mostrar as histórias de vida dos miseráveis e humanizar sua imagem se queremos mobilizar corações e mentes. Essa lição, aliás, já é bem conhecida dos fotógrafos interessados em problemas sociais. Lewis Hine se cansou de brigar por causa disso com os outros militantes da Liga Contra do Trabalho Infantil, no início do século XX, no Estados Unidos. Ele relutava em montar uma exposição mais chocante, e dizia que sua tarefa não era fotografar a miséria, mas sim, mostrar uma criança bonita submetida a maus tratos. Feridas expostas não levariam ninguém mais à manifestação, além daquelas pessoas que já militavam arduamente.

Já os jornalistas e cientistas sociais engajados acreditam demais na obrigação de denunciar. Apontar o dedo à ferida pode conquistar consciências, mas a emoção, que é o tipo de pensamento que nos leva à ação, continuará sendo de repulsa. E, é sempre bom lembrar, que os adversários da justiça social já usam esse conhecimento.

Pesquisas da resposta cerebral a produtos de consumo e seus anúncios estão sendo usados pela turma de marketing para viciar com mais eficiência há quase uma década. Sabe-se, por exemplo, que a visão de um carro esportivo dispara circuitos nos cérebros masculinos que costumam ser ativados apenas na observação de uma mulher bonita. Horrível, não?

Eu não me surpreenderia se isso acontecesse até comigo, apesar do meu ódio profundo pelas máquinas mais antidemocráticas já inventadas. Deixam o povo gordo, sujam o mundo, encarnam (enlatam) o máximo do egoísmo humano e dividem os cidadãos entre motoristas e pedestres. Faço questão de deixar o meu mísero tomovinho mil o mais sujo possível para demonstrar esse rancor. No entanto, por mais que eu rejeite a idéia, devo fazer essa injustiça com as mulheres e reagir à maravilhosa visão de um corpo feminino do mesmo modo que vejo a desprezível traseira de um porsche fedorento (ainda por cima um troço inventado por aquele engenheiro nazista). Enfim, a peneira não ajuda a proteger do sol. O conhecimento empírico deve ser usado para nortear nossas ações, mesmo se às vezes nossos miolos nos envergonham. Esse embaraço, porém, pode ser dirimido com a compreensão mais profunda de seu funcionamento.

Em primeiro lugar, não seria evolutivamente sensato se apaixonar por miseráveis, o que de pronto afasta os remediados dos mendigos. Isso não é de todo mal, porque até os mais solidários sabem do risco de abraçar um afogado e afundar junto. Além disso, cair na mendicância é um medo corriqueiro e talvez por isso ative a amigdala, uma região cerebral ligada às sensações mais viscerais possíveis.

Nossas mentes são feitas tanto para discriminar e eliminar inimigos, como para escolher e a agradar amigos. Isso teve uma função na luta entre classes, etnias, tribos e contra a criminalidade. Há sempre o risco de serem criados uns preconceitos desumanizadores, que invariavelmente nos levarão à violência. Susan e Lasana acreditam que esse fenômeno explica a tortura por agentes da lei, a ânsia pela pena de morte e aquele hábito internacional de grupos adolescentes burguesinhos atacarem mendigos. O índio pataxó em Brasília não foi um caso isolado. O Japão vive uma epidemia de ataques a idosos que foram parar nas ruas, vítimas da imprevidência privada.
Trata-se de um estilo clássico de crime, para o qual os pais e educadores deveriam dar atenção sem idealizações humanistas bobas. Especialmente porque o comportamento de pelotão assumido por esses adolescentes é semelhante ao observado por etólogos entre jovens chimpanzés e no ataque sem razão de cães domésticos. O frenesi destruidor destes momentos está bem enraizado em nossa mente para continuar sendo ignorado.
A natureza humana coloca este empecilho da exclusão emocional no caminho daqueles que sonham com um mundo melhor. Mas também forneceu a capacidade de empatia necessária para reunir a humanidade. A indiferença é mais comum no reino animal do que a solidariedade, mas a nossa espécie está entre as mais gentis. Só que não somos anjos. A carne é fraca e negamos nossas crenças sem perceber, várias vezes, antes e depois de o galo cantar três vezes.

domingo, 11 de outubro de 2009

Ainda Hoje

11/10/2009 - 10:13


Folha e a escandalização do nada

Por Jorge Furtado

CPI da Telma

Deixa ver se eu entendi: a matéria de capa da edição de domingo da Folha de S. Paulo, tratada como denúncia séria e ares de novo escândalo, acusa o ministro das Minas e Energia de ter uma secretária (Telma) que marca e cancela reuniões “sem avisá-lo previamente”? É isso mesmo? Depois de livrar-se da verdade dos fatos * a Folha de S. Paulo, na sua campanha aberta para devolver o poder ao PSDB paulista, perdeu também a noção do ridículo?
Tudo leva a crer que sim. No sábado retrasado, no inútil esforço de remendar a incrível barriga dos 35 milhões de brasileiros que, segundo o jornal, iriam contrair a gripe A, encomendou ao Datafolha uma pesquisa bizarra: “nos últimos meses de inverno, você sentiu algum sintoma de gripe?”. De posse das respostas, o jornal concluiu que pelo menos 20 milhões de brasileiros tiveram a gripe A, ou seja, o erro da Folha teria sido de “apenas” 15 milhões de doentes. Só que, como a letalidade do vírus é de 0,4%, segundo os cálculos da Folha de S. Paulo, 80 mil brasileiros morreram de gripe A, mas apenas 2 mil foram enterrados. Os outros 78 mil, zumbis insepultos, pelo jeito estão trabalhando na redação do jornal.
* Os exemplos recentes do desapego da FSP à verdade são muitos, incluem a versão do delegado Edmilson Pereira Bruno sobre as fotos do dinheiro dos aloprados, o grampo sem áudio Gilmar/Veja/Demóstenes, a reunião sem data com Lina Vieira, o Picasso do INSS, a fraude da ficha da Dilma no DOPS, os números da gripe A, o dossiê do “uiscão” e da tapioca, etc, etc…
Hoje:
Ouvi duas balelas uma no campo da economia e a outra na política pública social, durante os 8 anos de comando do governo federal pelo PSDB:
1) aumento do salário mínimo gera inflação, logo, não podia aumentá-lo; 2) não se podia dar o peixe, tinha que ensinar o povo a pescar, logo, não é eficaz adotar programa como o Bolsa Família, daí o irrisório número de benefícios concedidos na era FHC.
Hoje, tanto uma como outra, estão mais que provadas, se tratar de opções ideológicas do governo do PSDB, bem como, que os resultados sociais alcançados dessas decisões, não gerou o bem-estar para a maior parcela da sociedade.
O aumento do salário mínimo merece ser adotado como política de Estado, pois contribui no aumento da renda dos trabalhadores, diminui a desigualdade entre as classes sociais, aumenta o poder de compra do mercado interno dentre outros reflexos imediatos. O crítério do reajuste anual do salário mínimo, não pode ficar ao bel prazer do ocupante do governo no momento da sua concessão. Tem que existir um critério fixo que elimine a possibilidade do governante não conceder o aumento ou dar percentagem irrisória. Encontrar este critério fixo é que é o problema! Crescimento da economia ou taxa de lucratividade do setor privado? O aumento real do salário mínimo é obrigatório enquanto persistir a concentração de renda e enormes diferenças entre as classes sociais? Certamente, um grande debate merece ser feito na sociedade, com a efetiva participação do governo e dos eleitos para as casas legislativas. Para que seja encontrada uma solução para a questão do salário mínimo como política pública social de Estado.
O aumento do salário mínimo foi tão importante, como instrumento no enfrentamento da crise financeira internacional, que o aumento foi antecipado pelo presidente Lula, para o mês de fevereiro de 2009.
Já no que diz respeito a política pública social, por maior resistência que ainda persista nos conservadores neoliberais, a verdade crua e nua é a seguinte: 1) promoveu uma ascensão na piramide social de milhões de brasileiros miseráveis e/ou pobres; 2) criou um grupo de novos consumidores de baixa renda que sustentou a economia no enfrentamento da crise; 3) o elevado número de assistidos que solicitam o desligamento voluntário e o desligamento compulsório do programa, demonstra que o brasileiro não é acomodado e o governo não facilita o assistido que frauda ou descumpre sua obrigação para permanecer no programa, como sustentam quem não concorda com a política pública. Foram mais de 60 mil assistidos com desligamento voluntário e 2,7 milhões de compulsório. Para um programa que atende 12 milhões brasileiros, estamos falando que há mais de 20% de desligamentos do programa social. Demonstrado fica que o governo fiscaliza os assistidos e que esses quando melhoram de vida solicitam o desligamento.
* principal programa social do governo federal é o Bolsa Família tem por objetivo imediato a promoção do alívio da pobreza e redução das desigualdades sociais e regional do país, por meio da transferência direta de renda à família;
* reforço ao exercício de direitos sociais básicos nas áreas de Saúde e Educação, por meio do cumprimentos das condicionalidades, o que contribui para que as famílias consigam romper o ciclo da pobreza entre gerações;
* coordenação de programas complementares, que têm por objetivo o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários do Bolsa Família consigam superar a situação de vulnerabilidade, pobreza e desenvolver sua auto-afirmação como cidadão. São exemplos de programas complementares: programas de geração de trabalho e renda, de alfabetização de adultos, de fornecimento de registro civil e demais documentos. 
Evidente que não podemos parar de buscar novas ações e programas. Devemos manter o inconformismo positivo e avançar no resultado alcançado pela política pública. Neste ponto, deixo para mais adiante, em oputro dia e expor minha opinião sobre a questão da previdência social e sobre quem entre os/ a pré-candidatos(a) ao cargo de presidente do Brasil. Quem esta melhor preparada ou preparado para assumir a tarefa?
Antes de encerrar, deixo aqui a descrição de um fato: a prefeitura de São Paulo quando governada pelo PT, gestão Marta Suplicy, implantou um programa social, inclusive foi sua matriz  usada no início do governo Lula para implantar o Bolsa Família. 
Este programa municipal assistia mais de 500 mil pessoas. Um resultado imediato do programa social foi a transformação radical e para melhor da condição social do Capão Redondo - bairro da periférico, campeão da estatística da violência urbana à época. Pois bem, este programa foi quase encerrado quando o PSDB ganhou a eleição municipal com o Serra.
Resultado: o Capão Redondo voltou a ocupar as primeiras posições da violência urbana.
A decisão política de governante é importante para ditar o progresso ou o regresso da sociedade. Esta é a minha reflexão de HOJE.

sábado, 10 de outubro de 2009

Hoje

BSB dia claro e caminhada pelas quadras - em São Paulo chamam de quarteirões. Uma parada no Vechado para descansar - rsrs. Observo as mesas e seus ocupantes. Não demoro a prestar atenção nas conversas alheias - sintoma da solidão ou será da bisbilhotice? Fatos ali observados durante os quarenta e cinco minutos:
1º Fato - A classe media não lincou a Dilma com o Lula e sua trajetória;
2º Fato - Desconhecem a história de vida da Dilma e, logo, não criam laços de afetividade;
3º Fato - A nova classe media pode ser ingrata com o atual ou qualquer outro governo. Fruto da despolitização? Penso que sim!
4º Fato - O Lula demorou em chamar um plebiscito para um 3º mandato através do voto. Seria eleito com folga!
Voltando pra casa e refletindo os fatos, defendo que a Dilma saia já do trabalho e vá fazer pré-campanha; que algum documentarista realize, em toque de caixa, um filme sobre a Dilma mulher e sua trajetória de vida; que a Dilma passe a dar entrevistas nas rádios populares e revistas populares, não falando só sobre PAC mais também quem ela é no cotidiano e como reage diante das dificuldades; que o PT reviva a Caravana da Cidadania versão Dilma; que a Dilma seja mais frequente nos meios de comunicação disponível na internet, criando um contato direto com este público. Muito trabalho pela frente, mas vamos avançar!