segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A formação dos indivíduos no mundo contemporâneo

 
              O planeta Terra abriga e sustenta 6,5 bilhões de uma espécie de mamífero, que desenvolveu habilidades para alçar uma posição de dominação de um dos elementos: neste caso o sólido - que compõe e possibilita a vida do ser humano. Dominação essa que não se restringe ao espaço geográfico, mas dominação sobre as outras espécies do mundo animal.
            O desafio lançado que é o discorrer sobre a formação dos indivíduos no mundo contemporâneo. Necessita abordar, preliminarmente, uma definição de qual tipo de formação, estamos aqui tratando. Formação moral? Formação profissional? Formação intelectual? Formação emocional? Ou é o caso de tratarmos das quatro hipóteses de formação depositadas nas costas deste animal chamado: ser humano?
            A dúvida é pertinente, pois para cada tipo de formação se merece uma abordagem distinta. Que admita apontar espaços da formação tradicionais e modos de transmissão dos conhecimentos que moldaram os indivíduos para conviverem em sociedade neste Século XXI.
             Se os espaços da formação tradicionais do ser humano e aceitos pelo senso comum da academia são: família, igreja, escola, Estado, símbolos, tradição, cultura, superação individual, genética e sentimentos individuais ou coletivos. Penso que é bom avaliar o grau do bem estar, nível de felicidade e de realizações imateriais e materiais, ou seja, qual é o resultado concreto que estes espaços da formação do individuo, ao longo do tempo da história da vida em sociedade.
             Avançamos em muitos aspectos, antes mesmo de solucionarmos determinadas situações que afligem e influenciam de forma determinante a vida do ser humano como, por exemplo: a descoberta de medicamentos aumentou a longevidade da vida do indivíduo, contudo, não resolvemos uma situação básica que é a de garantir que todos os seres humanos tenham trabalho e alimento.
            Avançamos de forma extraordinária na tecnologia, nos meios de comunicação, transporte, medicina e no acúmulo de conhecimentos. Mas os problemas, como já dito, fome e trabalho não foram solucionados.
            Isto são dois exemplos mais vale descrever outros: como violência, guerra, egoísmo, preconceitos nas mais variadas formas. A porta do século XXI não se extinguiu de forma definitiva o tráfico do ser humano, ou seja, a escravidão.
             O contrato social funcionou? As promessas capitalistas ou comunistas funcionaram?
             A sociedade do século XXI e seus 6,5 bilhões de seres humanos viventes, conviveram com os seguintes dados reais e concretos fornecidos pela ONU, OIT, OMS, IBGE e Banco Mundial: 925 milhões de pessoas passam fome no mundo; 19% da população mundial vive com menos de 1 dólar por dia, o que significa abaixo da linha da pobreza;  12% das crianças estão fora das escolas;  58 milhões portadores do vírus da AIDS;  2,5 milhões homens, mulheres e crianças são vitimas do trafico humano; 2,7 bilhões vivem entre 1 a 2 dólares por dia; 44 mil pessoas morreram de forma violenta no Brasil, ano 2008; 1,1 milhão de pessoas praticam suicido por ano; 700 milhões padecem de obesidade.
            Mesmo que os fatos se confundam, a verdade é que dos 6,5 bilhões da população mundial, mais da metade dessa população convive com alguma deficiência, carência, violência, sofrimento e infelicidade, quando não com todas elas ou mais de uma, ao mesmo tempo.
            Se formos avaliar o resultado da capacitação recebida por esta sociedade no critério nota pelos resultados alcançados. Posso afirmar que não atingimos a média de aprovação de inúmeras universidades que é de cinco, ou seja, como mais da metade população mundial padece de um grande mal, fomos reprovados como capacitadores dos indivíduos, pois produzimos um resultado que não beneficia de forma positiva a metade da população mundial.
          Isto, avaliando de forma positiva, já que dos 40% da população mundial que não passa fome ou padece de grande problema social. Dentre estes 40% quanto é feliz? Quantos realizam sonhos sem precisar pedir nada a ninguém? Quantos detêm a riqueza produzida e em que proporção é dividida entre os 6,5 bilhões? Quantos têm perspectiva ilimitada de crescer materialmente, intelectualmente e emocionalmente? Quantos são honestos e cumpridores dos seus deveres com a sociedade, com o Estado e a família? Quantos cursaram pós-graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado? Quantos já viajaram para outro país de férias? Quantos entraram num teatro? Quantos conhecem a História Universal e a evolução da sociedade? Quantos possuem consciência do seu papel no mundo? Não existem dados para essas perguntas.
            Mas, intuo que dos 40% da população mundial entre 25% a 30% estão distantes de responderem de forma afirmativa a estas minhas questões. O quanto sobra de seres humanos que podem dispor de todos os bens, serviços, qualidade de vida, prestação de serviços na área da saúde, do lazer, da cultura, etc.? Talvez, 600 milhões de habitantes espalhados entre os cinco continentes do planeta. Uma estimativa muito otimista!
            Estimasse que 1,3 bilhões de jovens vivem no mundo, na atualidade. Estimasse que a população mundial alcançasse a cifra de 9,5 bilhões de vidas até 2030. E o planeta dá sinais do mau uso do solo, do abuso com despejo de poluentes no ar, na água e em outras situações que envolvem a natureza. Logo, a tendência é que os resultados se agravem e as disparidades nas situações que envolvem a vida e a qualidade da vida do ser humano aumentem, caso não mudemos nossa forma de pensar e agir em relação ao mundo e ao ser humano.
           Assim neste pequeno retrato da sociedade da atualidade. Não encontro a certeza confortável para afirmar quais são os melhores formadores e capacitadores do ser humano. Posso afirmar que maior é a quantidade do ser vivo invisível que denominamos de bactérias. As bactérias por enquanto sempre vencem o homem. Ser vencido por essa espécie é fato não contestado por qualquer cientista. Mas o triste é ver que o homem pode ser vencido por sua própria espécie.
           A formação do indivíduo contemporâneo deve evitar o agravamento das carências, das deficiências, das dores, dos sofrimentos que são impingidos à esmagadora maioria da população mundial. E os canais desta formação, que deve ser transformadora, na forma de pensar e agir do ser humano. É uma responsabilidade de todas as instituições públicas e privadas e, principalmente, desta minoria de seres humanos que gozam dos privilégios da vida.  

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